Arte e design no lar de uma curadora
Morada traduz trajetória de Consuelo Cornelsen
Quando a curitibana Consuelo Cornelsen vivia em Portugal na década de 1970, deparou-se com uma frase de Fernando Pessoa que ajudou a determinar seu destino profissional: “sê plural como o universo!”. A adolescente, que até então tinha dificuldade de escolher um caminho, devido ao interesse por diversas áreas, decidiu que estudaria tudo o que gostava: artes plásticas, arquitetura, design de interiores, fotografia e literatura.
“Meu pai foi contratado para construir o Autódromo do Estoril, então minha família se mudou para lá, conta. Passadas mais de quatro décadas, a arquiteta, curadora e produtora cultural vive uma existência plural, como sempre quis. Depois de cursar a Escola Superior de Belas Artes e o Instituto de Arte e Decoração em Lisboa, Consuelo voltou ao Brasil para casar-se, morou em Londres por um ano e atuou como correspondente e fotógrafa de revistas de arquitetura na Europa e no norte da África. No início dos anos 1980, já de volta ao país, abriu, com três sócios, a Nucleon 8, galeria paulistana que reeditou móveis de importantes designers e arquitetos, como Gregori Warchavchik, Lina Bo Bardi e Vilanova Artigas.
Em 1986, decidida a fixar raízes na capital paranaense, instalou-se na cobertura de um edifício no centro da cidade, onde permanece até hoje. Com 670 m² de área incluindo varanda, jardim e piscina , o imóvel exibe boa parte do mobiliário e das obras adquiridas pela curadora ao longo dos anos. as peças, uma variada seleção de autores nacionais e internacionais entre eles, Le Corbusier, Paulo Mendes da Rocha, John Graz, Gaetano Pesce e Zanine Caldas , traduzem seu interesse por diversas expressões da produção moderna.
“Na hora de dispô-los na casa, meu critério foi bastante emocional. Colocava um móvel ou uma obra em determinado local por algum tempo para ver se o conjunto se harmonizava comigo, se me deixava feliz, afirma a curadora. Uma de suas próximas exposições será sobre o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
O resultado dessa visão singular está nos múltiplos espaços da residência, como no hall de entrada. A poltrona La Chaise, de Charles e Ray Eames, convive com a porta rústica de madeira encontrada em Minas Gerais durante um festival de inverno que Consuelo organizou. “Nela, pendurei a ferradura que ganhei do artista Antonio Claudio Carvalho para dar sorte e completei com fitinhas coloridas do Bonfim.”
Cores fortes e vibrantes são definitivamente uma das paixões da especialista em design. A base do apartamento é feita de tons neutros e madeira, presentes no piso e em boa parte dos móveis. São os objetos que entram com a energia do amarelo, do vermelho e do roxo, entre tantos outros. “Aa fotógrafa alemã Patricia Parinejad, que ficou hospedada em minha casa quando preparava um livro sobre Oscar Niemeyer, disse que eu era a Frida Kahlo brasileira, diz Consuelo, com um belo sorriso de satisfação.