Um apartamento jovem e brasileiro
Imóvel tem a cara da nova arquitetura nacional
Há algo de novo em curso no décor nacional. Não se trata de modismos ou estrangeirismos. Tampouco há alguma vanguarda estilística pintando no horizonte. O que se vê, especialmente nas grandes cidades brasileiras, são grupos de jovens arquitetos e designers projetando todo tipo de residência – de pequenos apartamentos a imensas mansões – sem pretensões de genialidade, mas com total atenção ao conforto, à praticidade e, de quebra, com um frescor genuinamente nacional.
Este apartamento no bairro dos Jardins, em São Paulo, é um representante desse movimento. As virtudes começam já começa no edifício onde está situado – uma autêntica obra do modernismo brasileiro, construído na década de 1950, com fachadas de pastilhas coloridas, janelões e pé-direito generoso. O projeto não apenas destaca essas qualidades, como amplia a visibilidade para detalhes originais de acabamento que continuam em voga.
A estrutura de concreto armado, por exemplo, tornou-se aparente com o descascar de paredes empreendido. Seu tom acinzentado injeta vigor no claríssimo ambiente, onde a sacada e a entrada de luz que se dá por ela são protagonistas. Esta é, aliás, uma das virtudes desse décor nacional – tirar proveito das qualidades ambientais da tropicalidade, como a temperatura, a luz e a ventilação.
Outro elemento original que se destaca na reforma é o piso de parquet. Ele foi inteiramente recuperado, ganhando um contraste cromático que direciona o olhar. Esquecido entre as décadas de 1970 e 1990, o taco, aliás, predomina nestes projetos de interiores que valorizam a brasilidade, sobretudo por seu aspecto de beleza e por seu infalível acolhimento.
Dentro de um contexto como este, onde as paredes ultrabrancas complementam o concreto e a madeira, a integração de ambientes se faz necessária. A cozinha, por exemplo, juntou-se à sala que, por sua vez, perdeu paredes. O ambiente único serve de cartão de visitas para os demais espaços do apartamento: duas suítes, uma delas usada como quarto, e a outra como escritório.
A decoração, por sua vez, é leve, explora tons de cinza que não comprometem o conjunto, especialmente na ala social e nos setores de serviço. O branco volta nos tecidos e revestimentos do quarto, reforçando a importância de visuais puristas, mas não menos funcionais. A arte – presente por meio do painel de azulejos Panacéia Phantástica, de Adriana Varejão -, junta-se a este décor, que tão bem representa os novos ares do design de interiores genuinamente jovem e brasileiro.