O jeanswear nunca alcançou tão alto o status de luxo no mercado brasileiro. Pela primeira vez no SPFW as marcas que apresentaram denim e sarjas focaram em duas vertentes importantíssimas para o segmento. O conceito de alta costura numa reconstrução totalmente inovadora do artigo, mesclando referências geométricas ou da alfaiataria ou a inspiração casual, street e moderninha, sempre com um toque a mais. Esqueça os fits tradicionais que passeiam pela maioria das lojas populares, esqueça os tecidos básicos, sem toque, desconfortáveis. Eles surgem sim, ora mais pesados, ora leves, mas sempre com uma tecnologia diferenciada, onde as tramas revelam novos fios, o power stretch confere alta elasticidade, o denim moletom ganha carinha used com esbranquiçados e manchas e o raw vem numa limpeza única em tonalidades diferentes de azuis e o brilho do liocel.
As modelagens muitas vezes impensáveis refletem a democracia da moda que investe em variados estilos. Temos aí agasalhos de moletons, maxi casacos, jaquetas e camisas, calças larguinhas, com a cintura no lugar, no fit reto, pantacourts ou croppeds com as barras viradas. Roupas para meninos, peças para meninas ou modelos para ambos usarem, sem perder a essência “no gender” que vai continuar em alta por algum tempo. O denim segue por um caminho de novos desejos, de novas formas e recortes. Pense na alfaiataria aplicada à malha moletom ou mesmo no denim limpo e clean em diferentes lavagens numa brincadeira divertida de patchworks e estampas. Pense na aplicação de retalhos aleatórios ou em formatos de bolas, reaproveitando materiais e investindo no conceito upcycling ou nos vazados que formam elos, produzidos com tecidos retorcidos no jeans em tons contrastantes ou não.
Mesmo nas marcas mais tradicionais como a Animale as calças ganham algo diferenciado como o fit reto, novidade da estação e as famosas barras desconstruídas com desfiados, tamanhos irregulares e modelagens croppeds. Já o público moderninho passeia com a clochard no baby blue que ganham silks que invadem também as pernas com referências de grafites divertidos ou em peças que revelam azuis vivos.
Fits justos, que mesclam lavagens diferentes, denim bruto e o aspecto artesanal também é valorizado dentro do universo underground. Mesclando o estilo esportivo ou do feito à mão entram blusões com zíperes e cordões, bordados, aplicações ou mistura de tecidos, efeitos com tinta, costuras marcadas, pespontos aparentes, aviamentos coloridos, patchworks de lavagens e o estilo country nas camisas com palas. A mesma calça para ela e para ele com sobretingimento no bruto chama atenção em looks totais no denim da Ellus que estava comemorando 45 anos de história.
Já na pegada da alta costura surge o street e, os riquíssimos bordados feitos à mão que redecoram os denims com aspecto moletom ou as tiras justapostas dos artigos mais encorpados. Falamos muito em tonalidades escuras, mas nas estações, seja o inverno ou o verão, também fazem sucesso os delavês limpos, leves e com aspecto desgastado e, que surgem em peças super femininas e delicadas. Ainda falando de lavagens mais claras o denim premium ganha toque suave e um brilho diferenciado em peças sofisticadas seja nas peças com babados, em batas, camisas, saias com recortes ou nas calças retas com falsos bolsos e o logo bordado. Mais uma vez maxi casacos e jaquetas fazem contraponto às peças românticas e leves.
Para os homens descolados que vivem em qualquer parte do Brasil uma moda despojada invade sarjas em diferentes tons e fits croppeds com a barra virada. Parcas no estilo utilitário e bolsos aparentes, além de camisas que acompanham as produções.
VANESSA DE CASTRO
FOTOS: AGÊNCIA FOTOSITE
A história dos jeans inicia-se em Nimes, na França, onde o seu tecido foi fabricado pela primeira vez cerca do ano de 1792. Rapidamente começou a ser conhecido por tecido de Nimes, expressão que com o tempo foi abreviada para Denim.
Por ser um tecido robusto e durável, sem necessitar de grandes cuidados no seu uso, começou por ser utilizado essencialmente em roupas para trabalhos no campo e pelos marinheiros italianos que trabalhavam no porto de Génova.
Mais tarde chegou aos Estados Unidos, onde a sua introdução está recheada de curiosidades interessantes.
Na altura da corrida ao ouro na Califórnia, cerca de 1853, andava por aqueles lados um jovem judeu alemão, de nome Levi Strauss, que tinha começado por vender lona para as carroças dos mineiros e que, ao se aperceber que as roupas dos mineiros não eram adequadas para o desgaste que sofriam, levou um deles a um alfaiate e fez-lhe umas calças com o tecido que vendia para cobrir as carroças