Sua experiência de 10 anos no setor trouxe boas – e novas – ideias para esses tempos atuais em que as redes de fast fashion estimulam o consumismo desenfreado e, em alguns casos, até exploração de trabalho. É que Lane Marinho desenvolve flats únicas, sob medida e confeccionadas artesanalmente com conchas, pedras, bordados, aplicações em cores e materiais diferentes. Tudo de fato feito à mão e dentro de um contexto de criação manual bem pensado.

A baiana não trabalha com inspiração. “O conceito vem depois, com a criação das peças. O processo de elaboração é inteiramente manual, gosto de por a ‘mão na massa’. Misturo materiais e penso nas minhas referências, no que tenho vontade naquele momento. Então, as partes vão se encaixando dentro de uma concepção.”

Além dos acessórios, ela começou a pintar telas há pouco tempo. Com a necessidade de expandir suas ideias, trabalhar com cores e experimentar novas formas de arte, Lane se envolveu com o universo da tinta a óleo e fez um curso no Rio de Janeiro para ter mais afinidade com desenho.

O olhar da estilista é, inclusive, voltado para a captação de panoramas e elaboração de desenhos. As fotos de seus pares de sapatos não mostram sapatos avulsos, sobre fundo um branco. Ela cria um cenário mostrando que seus acessórios conversam entre si e são apenas objetos dentro de uma imagem. Com isso, Lane percebeu, naturalmente, uma identificação maior das mulheres com seus produtos.

“Não tenho uma modelo ou celebridade usando uma sandália, e sim uma peça com alguns elementos que fazem parte de uma linha criativa. Desta forma, mostro que acredito na beleza natural, sem padrões impostos pela mídia e indústria.”

Lane alimenta seu site com as novas coleções, abre e responde e-mails todos os dias, compra os aviamentos e materiais para a elaboração das sandálias pessoalmente e cuida doatendimento personalizado. A cliente vai até o atelier e tem as medidas de seus pés tiradas, junto com uma experiência de compra exclusiva. Cada par demora no mínimo 48 horas para ficar pronto e custa em média entre R$ 500 e R$ 600. Os pedidos são feitos por e-mail. 

Uma assistente e um sapateiro dão suporte à designer, mas a ideia é que a empresa continue pequena. “Se a marca crescer muito, posso perder a individualidade e a pessoalidade das peças, que são o meu diferencial. O meu foco realmente é continuar com o trabalho artesanal.” E, por que rasteiras? “É muito fácil ficar elegante e bonita com um salto alto. Eu quero solucionar o desafio de manter a classe com os pés no chão. Flats são simples, confortáveis – chics sem esforço.”

Em tempo: dispensar o salto alto nunca foi tão elegante.