Morada une arte ao charme portenho
Design completa o clima no lar de colecionadores
Em um dos bairros mais nobres de Buenos Aires, povoado de fachadas ao estilo francês, fica o lar dos antiquários Abel Guaglianone e Joaquín Rodríguez. À frente da Edipo Antiques, especializada em cerâmicas e porcelanas chinesas, eles compartilham todo o seu conhecimento e amor pela arte em um apartamento de 250 m² com vista para um frondoso jardim.
“Encontramos o imóvel por meio de alguns amigos que o estavam vendendo. Nós não o conhecíamos, mas, sempre que passávamos pelo portal, ficávamos muito intrigados e queríamos saber como seria. Quando o visitamos, não tivemos qualquer dúvida era para nós, recorda Abel. Foi seu primeiro encontro com o edifício de estilo racionalista, construído em 1939 pelo engenheiro Alfredo J. V. Díaz.
Em pouco tempo, seria iniciada a restauração dos pisos de carvalho, a troca dos carpetes e a transformação dos banheiros e da cozinha. E a reforma mais importante: “Tivemos de fechar um janelão que havia na antessala e tambéma saída para o terraço da sala de jantar. Precisávamos de mais paredes para pendurar as obras”.
Formado pela Escola de Belas Artes, Abel começou sua primeira coleção focada na pintura clássica europeia dos séculos 18 e 19. “Quando decidimos viver juntos, combinamos que teríamos de colecionar um novo tema”, afirma Joaquín. “Em um leilão, encontramos uma pequena tela de tinta sobre papel de Kandinsky. Foi o começo de uma pequena série de obras do século 20: Picasso, Léger, Matisse, Klimt… Esses trabalhos serviram de ponte para nos aproximar de artistas contemporâneos latino-americanos. Conhecemos galerias e jovens criadores. Hoje, não só admiramos suas obras em nossa casa, mas também estabelecemos com muitos deles relações afetivas”.
Desde a entrada, surpreende a mistura de estilos com que planejaram os interiores. Móveis Biedermeier e da Maison Jansen e peças de Mies van der Rohe convivem entre cerâmicas chinesas e exemplares art déco e art nouveau. A antessala tem conexão com a sala de jantar na cor vermelho-pompeia. Ao seu lado, ficam o salão, o jardim e a biblioteca. Seus mais de 3.500 volumes estão rodeados de paredes na cor “dulce de leche”.
Para esse espaço, eles procuraram nos antiquários do bairro de San Telmo uma bergère de pele marrom. “Depois de três anos, apareceu em nossa loja uma senhora oferecendo-nos uma poltrona igual, sem saber que nós já tínhamos a outra”, comenta Abel. Hoje, o móvel compartilha a casa com a cômoda Napoleão III que o antiquário herdou de sua avó.
Um corredor acarpetado conduz aos dois dormitórios e à área de serviço. Em suas paredes escurecidas, destacam-se obras coloridas e de traços geométricos bem diferente da cozinha, revestida de lambris brancos, onde a fotografia é a grande protagonista. “Há lugares na casa que representam aniversários, Natais, momentos… As obras vão contando nossa história, afirmam. Assim, em cada centímetro quadrado deste espaço, os proprietários rendem culto ao seu universo presente e passado.