YSL o leilão do século…
Fica difícil contar tudo que vi. O que posso dizer? Um Picasso pode ser vendido por 30 milhões de euros. São esculturas de diversos tamanhos, quadros de artistas importantes do século 20 e também de outras épocas. Polêmicas obras vindas da China ( o governo chinês queria de volta os rostos de coelho, esculturas de metal que estão na coleção. Bergé disse que dà de presente a eles, se eles libertarem o Tibet). Yves e Pierre não fizeram uma coleção pensada. Foram adquirindo peças que gostavam e elas eram todas magníficas e caras. No detalhe foto do cão de Yves. Là dentro objetos pessoais como cigarreiras, tapetes, cobertas de prata, copos, mesas, cadeiras, abajures, lustres, jóias, e por ai vai… Tudo que entra em leilão numa parceria de Bergé e Christie”s estava no castelo que os dois tinham perto de Deauville, interior da França. Estas primeiras imagens eu consegui fazer. A partir da próxima, jà é da divulgação deles, pois não era mais permitido fotografar. Nem a imprensa, pelo menos na hora que eu cheguei. O que eu quero contar sobre o que vi é mais do que um amor à arte e uma grande opulência. Yves e Bergé ficaram bilionàrios e não posso fazer apologia ao amor, sem falar no valor destas obras e no quanto à moda deu a eles em riqueza material… Mas, de alguma forma, ao pensar em Yves sinto o amor que ele tinha pelo trabalho e pela arte. Sem Yves, as obras perderam o sentido para Bergé, que é um homem de negócios. Ele tem declarado isso nas suas inúmeras entrevistas. A coleção foi feita com o companheiro e agora deve seguir outro caminho. No catálogo da exposição, que vira leilão e vai até quarta-feira, uma frase de Edmond de Goncourt sobre a vida de suas obras. Ele não queria que elas fossem parar nas paredes frias de um museu. Yves e Pierre Bergé também não. Para constar: parte do dinheiro arrecadado com as vendas vai para a Fundação que leva o nome dos dois. A ideia é ajudar no combate à Aids. Me emociono demais com Yves. Aqui um vídeo de quando tudo começou: E o dia de seu funeral com parte de uma de suas entrevistas mais comoventes, onde fala de sua cor preferida ( o preto), seu pintor ( Picasso) e tantas outras particularidades. O blog divulgou tudo. Relembre entrando nos arquivos. O início… Foi um rebuliço no Grand Palais. A primeira noite de vendas do acervo de YSL e Pierre Bergé em parceria com a Christie”s ( que é do grupo PPR aqui na França) bateu todos recordes de venda. Nada em crise o mundo das artes. 206 milhões vendidos na primeira noite. Tela de Mondrian saiu por 19,2 milhões de euros… O Picasso que eu falei ontem foi a única tela que não vendeu. O quadro não atendeu a proposta mínima de venda ( foram oferecidos 21 milhões de euros) e acabou ficando com Bergé que declarou à mídia estar contente porque vai ficar com ele. A primeira grande obra de arte que Yves e Bergé compraram foi esta: Constantin Brancusi (1876-1957). Ela se chama Madame L.R. Quanto? 29,185 milhões de euros. Bem, e as cabeças de coelho que o governo chinês queria de volta ( elas pertenceram ao Palácio de Pekin e sumiram em 1860, quando o mesmo foi saqueado) vão a leilão amanhã à noite. Preço mínimo? Dez milhões cada. Crise, que crise mesmo? Hoje é o dia das roupas vintage de Yves Saint Laurent irem a leilão na Drouot. O lugar é um dos mais conhecidos de Paris por realizar vendas a partir de cotação mínima de preços e vários compradores de todas as partes do mundo. Ontem conheci. Fui até a sala 5 do segundo andar de um prédio com salas forradas de carpete vermelho. Uma sensação meio estranha me invadiu na chegada. Mas ela logo de dissipou. Comecei a ver as raridades contidas naquele espaço, penduradas em araras e cabides vagabundos, arrumadas em vitrines estranhas. Mas tudo raro como um vestido de 1958 de Yves Saint Laurent para Christian Dior. Mítico. Nada se cria, tudo se copia, depois de Chanel e Yves? Não é bem assim, mas a sala da Drouot me deu uma aula de Yves e todos seus anos de criação. Tudo vintage. Tudo usado. Algumas coisas em excelente estado. Outras não. Fiquei ali uns três quartos de hora. Mexi, experimentei, vi os preços e constatei que prefiro ter este Yves vintage na minha mente. Confesso que fiquei meio saudosa. Meio tocada. Como se eu tivesse invadido um espaço que não era meu. Tudo é de Yves ainda. Suas roupas tem vida e toda uma história de viagens físicas e mentais. Muitas fases dele foram piradas pelo uso de drogas e álcool. Nada é segredo quando se trata de sua biografia. Ele deixou claro no seu trabalho a influência de uma vida entregue aos prazeres e ao amor que, ficou bem colocado nas paredes ao longo da sala embolorada. Seus famosos desenhos de corações eram lançados em alguma promoção sempre na data de Saint Valentin, 14 de fevereiro. O leilão rola hoje durante todo o dia e as peças começam a custo mínimo de 70 euros. Tem tudo. Bijus, sapatos, lenços, roupas e casacos de pele. Por Ana Clara Garmendia nossa parceira na Coluna Internacional |